“Agradeçamos ao Deus dos vivos e dos mortos; agradeçamos ao Deus fiel a todas as nossas perguntas, sobretudo àquelas para as quais não encontramos reposta; agradeçamos ao Deus que se debruça sobre as nossas procuras, que anota estes nossos passos balbuciantes, este nosso tatear como se na ausência víssemos o invisível; agradeçamos ao Deus das Bem-Aventuranças as palavras que Eduardo Lourenço nos iluminou sorrindo e aquelas para cujo sentido ele nos abriu chorando”[1].
Não afirmando a existência de Deus, admito-o em nós, nas perguntas para as quais não temos respostas, nas procuras obstinadas que não nos afadigam, nas incertezas que suscitam a humana teimosia da indagação, nesse bem-querer igualmente humano de abraçar a sua humanidade, manifestamente sempre imperfeita e insuficiente. Acompanhando, sem vaidades e arrogâncias, a simplicidade da limitação e da finitude, desse deus afinal que, pela Razão, em nós nos completa.
[1] Tolentino Mendonça termina assim a sua sublime homilia na despedida de Eduardo Lourenço (ler em https://dasculturas.com/2020/12/04/texto-da-homilia-de-jose-tolentino-de-mendonca-na-despedida-de-eduardo-lourenco/).
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