sexta-feira, dezembro 30, 2011

A TECNOCRACIA ESTÁ NO PODER MAS ESQUECEU-SE DE IR A VOTOS

 

Albert Speer, um ministro do Armamento e Munições de feição tecnocrata do Terceiro Reich, sem papas na língua, terá confessado que a ditadura de Hitler foi a primeira que soube utilizar, para dominar o seu próprio povo, todos os meios técnicos ao seu dispor. Acrescentou que esses meios tornaram possível submeter os cidadãos a uma vigilância muito ramificada e, ao mesmo tempo, manter em segredo os procedimentos criminosos.

Reconhecer a importância da informação parece-me óbvia. Identificar o alcance e as consequências do seu controlo já se me afigura menos claro e ainda mais inevidente quanto maior se torna a complexidade dos diversos aparelhos técnicos ao dispor dos múltiplos poderes que nos enclausuram.

O problema torna-se sério, ou mesmo dramático politicamente, quando os gestores, associados aos poderes que escapam ao controlo dos cidadãos, se instituem em polos difusos de decisão a quem não se pode pedir responsabilidades dada a sua natureza anónima. Os interesses particulares poderosos tomam assim de assalto a tecnologia, como dimensão estratégica, de modo a assegurar as condições de exercício pleno do sistema económico e político.

A democracia virou hoje totalitarismo, como podemos confirmar pelas razões justificativas das medidas sociais, políticas e económicas tomadas pela nossa governação. O problema, para mim, não está propriamente em pagar o que se deve. Está claramente nas condições colocadas para que o empréstimo seja concedido. E é nestas condições impostas que o totalitarismo capitalista e financeiro se afirma e com ele a supremacia evidente, embora anónima, dos gestores.

A classe dominante, neste contexto obscurecido, vai vivendo sem sobressaltos e dormindo serena e descansadamente. Até quando, pergunto eu. Se os pobres alcançarem (ou alcançassem) a consciência que pouco ou nada têm a perder, o sono dos abutres dobrava, num ápice, em pesadelo. Então aí, os desfavorecidos poderiam, efetivamente, sonhar com uma existência, sobretudo, digna. A utopia, como referência, ilumina a razão e a força do inconformismo.

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