A alucinação ideológica neoliberal da nossa governação parece claramente que está a demolir este pobre País. A sua política de austeridade, de sentido único, assente na teimosia cegueta, tem como propósito abonar o pagamento da “nossa dívida” aos grupos financeiros, nossos magnânimos credores. Se a consequência é, como está a acontecer, a destruição da economia e da sociedade, esta não constitui, neste tempo atual, uma preocupação política de raiz humana e social, quer dos nossos governantes, quer dessa gente sempre pronta ao exercício da generosidade.
A redução real do défice em 2011, é bom lembrar, não foi conseguida. Revela-se 5,9% do PIB mas o exato e pungente número é 7,5%. O truque, mais um ardil entre outros, alcança-se através da sonegação de uma parte dos ativos dos fundos de pensões dos bancários. Mas em 2012, o défice deverá reduzir para 4,5%, não sei se de 5,9 ou de 7,5. O que importa é perceber, na impossibilidade do uso de renovadas artimanhas aritméticas, o que vai acontecer à generalidade dos portugueses.
Consultando o memorando, permanentemente revisto nos gabinetes entre os que efetivamente ordenam e os capatazes que imaginam governar, podemos apontar alguns outros números desse tortuoso e dramático calvário. Uma redução de 3000 milhões de euros nos salários do sector público, 1260 milhões nas despesas com pensões, 100 milhões nas despesas públicas com a saúde, 380 milhões nas despesas com a educação, 200 milhões no investimento público, 100 milhões nas prestações sociais e 175 nas transferências para as autarquias, entre outros.
Por tudo isto e por outras (im)previsibilidades menos agradáveis mas sempre possíveis, desejo-vos um ano de 2012, onde aconteça a solidariedade necessária construída na resistência do protesto ativo cada vez mais essencial e urgente.
Sem comentários:
Enviar um comentário