Sottomayor Cardia, nas suas acesas polémicas com António José Saraiva (ambos ex-comunistas), sustentava ao tempo um socialismo não dogmático suscetível de ser fundado por uma via democrática e participativa que aprofundasse o capitalismo até à ocorrência da sua negação dialética. Cardia sonhava, assim, com “… (1) uma sociedade socialista não regida economicamente por monopólios mas sim por uma pluralidade de empresas livres reguladas pelo Estado, acrescidas de empresas estatais ligadas a setores estratégicos da sociedade, (2) não regida por um unicitarismo doutrinário mas pelo pluralismo ideológico, (3) não pela exploração do homem pelo homem mas pela participação dos trabalhadores na direção das empresas e no proveito próprio destas e (4) não pela exploração desenfreada dos recursos naturais mas em harmonia com a natureza” .
Será que é este o "socialismo" que o Mário Soares mantém guardado na célebre gaveta desde os finais dos anos 70? Em qual delas o Soares o teria metido? Se o descobrirem, façam-no chegar ao José António Seguro ou, sei lá, talvez melhor ainda, ao provável, ao outro, ao António Costa.
Citado de “O Pensamento Português Contemporâneo 1820-2010, de Miguel Real (pág. 660/661).
Sem comentários:
Enviar um comentário