sexta-feira, junho 22, 2012

… COM OS “TOMATINHOS” NO LUGAR

 

CARLOS MAGNOO povo mais atento ao alvoroço entre o proeminente Relvas e o jornal Público, mas igualmente cético em relação à serventia da Entidade Reguladora para a Comunicação Social – ERC, nada aguardava de quatro dos seus elementos, dois deles servidores políticos do PSD e os outros dois do PS. A expectativa da imaginada dúvida estanciava, então, na suposta independência do senhor Presidente, de nome Carlos Magno.

Deste modo, neste antecipado quadro de empate instituído, nada de especial se esperava a não ser a posição do senhor Presidente. Colado à súcia do PSD ou encostado à conveniência ardilosa do PS, era apenas uma curiosidade insignificante e politiqueira. O que importava realmente saber não era propriamente a decisão – pela súcia ou pela conveniência – mas qual seria o teor da astúcia do (seu) fundamento. Carlos Magno não dececionou. A sua habilidade em se embuçar atrás das palavras é por de mais reconhecida.

Inaceitável significa, penso eu, que não se pode aceitar, que é inadmissível ou mesmo intolerável. Ilícito, significa (tão-só) que é contrário à lei, proibido ou mesmo ilegítimo. Dizer que é inaceitável mas não é ilícito, traduz à partida que a lei não interdita o inaceitável e, por desguarnecimento, faculta (com a sua taciturnidade) o insustentável. Em jeito de desfecho, os “relvas políticos” deste pobre País podem ser execráveis desde que dominem (a preceito) a languidez das fronteiras entre ilícito e o inaceitável e, sobretudo, a plasticidade mimética dos seus intérpretes.

Os mercados da economia e da política (sim, da política), nos tempos que correm, inspiram copulados um processo escabroso (inaceitável mas lícito) de mercadorização claustrofóbica das sociedades. No nosso País, o chico espertismo ativa, com uma particular sagacidade, a panelinha de um certo jornalismo ordinário que faz da chulice seu modo de vida e da informação uma mera e útil mercadoria. De facto, o pensamento e a consciência não definem, por si, a grandeza do homem. A superioridade deste exige mais. Exige que o pensamento e a consciência, enquanto meios, saibam criar e realizar valor(es )… com os “tomatinhos” no lugar.

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