Nada É Impossível De Mudar Desconfiai do mais trivial, (Bertolt Brecht) |
Vive-se um tempo em que a cultura dos excessos, própria de uma sociedade consumista, se nega e enreda em dificuldades e privações. Novas ansiedades daí despontam na proporção das preocupações e dos sofrimentos que se afiliam em crescendo. O curso das mutações agrupa na sua íntima precipitação tudo o que agita e se movimenta; o que vale e desvale. Na natureza inversa destas ponderações a impudência invade as guardianias do exemplo e da autoridade. Do poder à política, atingindo outras idoneidades. Os receios e os medos provindos - sem peia - exaurem a energia do sentimento de liberdade. Numa ética assim naufragada, tudo parece autorizado. Em socorro, a justificação dolosa substitui a explicação necessária da ruína existencial.
A deserção inconsiderada no consumismo, no individualismo e no desbalizar de referências essenciais, daquelas que verdadeira e humanamente importam, sempre arredam o sentir doloroso dos vazios que (per)seguem os que se creem instalados. À medida que a crise (ou o que dela fazem) deixa o seu rasto, os mecanismos de defesa fazem-se anémicos e os artifícios de fuga inoperantes. Acorda-se angustiado perante uma realidade que compromete e, sobretudo, acabrunhado pela descoberta da insensatez de como se a viveu. Incapaz de estabelecer - com verdade - laços de reciprocidade e de solidariedade remanesce apenas a melancolia da desesperança e a amargura do desamparo. Lê-se Bertold Brecht (ou melhor, Martin Niemöller) e descobre-se finalmente A INDIFERENÇA que perturba.
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