O meu íntimo, embora saturado de um labiríntico de afetos e pensamentos associados, desafia-me a viajar por minha conta e risco, liberto do olhar sentinela dos poderes expansivos e das violências intrusivas de um qualquer Outro, quiçá desorientado no interior túrbido da sua impulsiva presunção. Destes abanões, com o tempo aprendi a livrar-me instintivamente da mesquinhez de uma universalidade socialmente inventada e da mediania de um senso comum adormentado na desnaturada sujeição que a encaminha. Por esse motivo, nesse meu recanto íntimo, guardo este lindo poema de Manuel da Fonseca, com que uma sábia e sensível amiga , num dia de penoso desencanto, me soube reconfortar.
O VAGABUNDO DO MAR
Sou barco de vela e remo sou vagabundo do mar. Não tenho escala marcada nem hora para chegar: é tudo conforme o vento, tudo conforme a maré...
Muitas vezes acontece largar o rumo tomado da praia para onde ia...
Foi o vento que virou? foi o mar que enraiveceu e não há porto de abrigo? ou foi a minha vontade de vagabundo do mar?
Sei lá.
Fosse o que fosse não tenho rota marcada ando ao sabor da maré.
É, por isso, meus amigos, que a tempestade da Vida me apanhou no alto mar.
E agora, queira ou não queira, cara alegre e braço forte: estou no meu posto a lutar! Se for ao fundo acabou-se. Estas coisas acontecem aos vagabundos do mar. |
Excelente texto, revi-me nele de certa forma, bem escolhido o poema de Manuel da Fonseca.
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