terça-feira, abril 01, 2014

UM ENCENADOR CONVENCIDO, NUMA TRÁGICA COMÉDIA

passoscoelho11Passos Coelho, ontem no Europarque, em Santa Maria da Feira, avisadamente não chalaceou com a supina piada de que neste Portugal-melhor existem pessoas que se obstinam em continuar pior. Absteve-se do ridículo representando-o pela fabulação de um amanhã que luz nos confins desta trapaçaria sem fundo. A exaltação inicial, de que o pior já havia passado, logo se embaciou num futuro assombrado pelas dificuldades que, por pirraça, teimam em não se retirarem de cena. Por isso, condoído, Coelho gostaria de entusiasmar mas, prudentemente, reconhece os limites da palhaçada. Todavia, tal compadecimento não lhe abala a vaidade pelo que fez e ensinou, ousando sugerir que não vale a pena o zelo de aleitarem outros e diferentes cenários. Apenas e só a peça que está em palco e o contrato do encenador é que valem. Contudo, educado eu na minha visceral radicalidade, enxergo que o competente ensinador/encenador Coelho não tenha historicamente aprendido que, ao pensar-se num projeto alternativo, a raiz dessa ousadia semeia-se num outro solo cuja fertilidade se firma, não no terreno da sua entufada infabilidade, mas, bem pelo contrário, num outro de negação resoluta do “seu” presente.

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