Já não suporto escutar nem ler os igrejeiros que, embarricados na desarmonia dos seus desesperos tribais, esparrinham ódios dos telúricos lugares das suas cegas paixões. Mais do que se excreta, fica a estéril certeza da conturbação caótica dos ânimos que, dos dois campos da adversão, ulcera o lastro mútuo das animosas arremetidas.
Não obstante, a hediondez do espetáculo da corruptela aformosear a monstruosidade que a agiotagem obstinadamente apresenta da figura do Estado, a trágico-comédia, há largos anos em cena, revelou-se estética e gradativamente aprimorada quando os regedores, como corruptos, se tornaram atores e, enquanto regentes, apenas meros figurantes.
Neste tempo de sérias perplexidades, de expressiva fragilização das estruturas políticas e das instituições do Estado, da desvalorização do trabalho e do retrocesso civilizacional e jurídico dos direitos das pessoas, apraz-me aqui sinalizar e evocar, neste brevíssimo desabafo, D. Helder da Câmara, bispo do Recife, citando-o: “Quando alimentei os pobres chamaram-me santo; mas quando perguntei porque há gente pobre chamaram-me comunista”. Pois é…
O proxenetismo vagueia por aí, sobretudo bem escondido nesse alienante lamaçal onde a cultura da bandalheira política e ideológica coabita em lúbrica e silenciosa comunhão e proveito com o ladro mundo financeiro das negociatas. Doa a quem doer, faça-se Justiça e com esta se contribua para o acesso reversivo ao enobrecimento da Política, à qualificação da Democracia e à humanização da Vida das pessoas. A promiscuidade apontada e a corrupção anunciada – e não propriamente o Estado – constituem hoje o verdadeiro monstro que desnatura as nossas intrincadas existências. Torço pelo sucesso do Direito sobre a Política no que concerne à impunidade dos poderosos. Ponto final.
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