segunda-feira, maio 02, 2016

A LEGITIMIDADE DOS CONSENSOS

 

p_19_11_2005[1][1]A ideia de consenso, ao longo da história, transitou alucinante sempre (ou quase sempre) pelos arbítrios da crença, da fé, da verdade e do senso comum. Igualmente sempre (ou quase sempre), silenciou o seu uso obstinado em acoitar da crítica os entendimentos ou preconceitos decididos pelos interesses difusos dos diferentes poderes, que sempre (ou quase sempre) foram exibidos como universalmente verdadeiros. A conquista do consenso foi assim, sempre (ou quase sempre), admitida como uma condição impreterível das ambições dos diferentes poderes, em particular do poder político.

Contudo, este poder político, hoje encravado num contexto globalizado de financeirização da economia e submetido à predominância da civilização mediática, trocou (ou viu-se obrigado a trocar) o espaço público da cidadania democrática pelo ambiente do consumo teatral da oferta política e das suas figuras de proa ou cortesãos de faxina. Assim sendo, alcançar o consenso, como condição para chegar ao poder, torna-se hoje uma arte, pressupondo atores habilidosos e encenadores imaginativos e, principalmente, o que não é de somenos importância, acesso ao palco das representações. A cidadania desvanece-se, é certo, mas o espetáculo anima-se e o aplauso cria finalmente o consenso íntimo desejado. Embora desvalido, politicamente poderoso como convém.

Imagem retirada DAQUI

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