domingo, junho 03, 2018

A PARLAMENTAÇÃO ENTRE A ÉTICA E A CONVENIÊNCIA POLÍTICA


A briga discursiva sobre o mote da eutanásia ofereceu, no Parlamento, alguns surpreendentes momentos de manifesta elevação. Admito que apreciei certas apresentações, e indagações, não obstante as orientações de voto. Em ambiente sobretudo político, comprovar uma consciência generalizada da necessidade de abertura ao conhecimento, agradou-me. Aperceber-me esquadrinhados alguns caminhos interdisciplinares, desafiou-me. Reconhecer o sagaz acolhimento à fatal complexidade da matéria em disputa, enobreceu o debate e quem o encorajou. Nestas situações e circunstâncias, assim penso, o discurso político mostrou-se mais honroso, escapando à fácil e esquemática simplicidade, bem como aos limites da acostumada vulgaridade politiqueira de feição camiliana. A tonalidade filosófica dos problemas humanos esteve presente e o contributo científico não foi esquecido. Ao discorrer-se sobre o sentido da existência do ser humano atingiu-se, e bem, o reclamado campo da Ética. Importa, todavia, avançar mais, sem estremas nem pre(con)ceitos, a fim de alcançar uma profunda compreensão da perdurável controvérsia. E com a conquista desta, e através dela, exercitar um pensar livre, assumindo o dever e a responsabilidade de politicamente agir em uma fundada conformidade. Estreitando afastamentos entre a Ética e a Política, dignificando a Condição humana e o valor indissociável da Liberdade que a Ela intrinsecamente se associa. O futuro ansiado vai-se assim prenunciando. Seguramente.

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