sábado, junho 08, 2019

A FLAMA DAS MEMÓRIAS, ENTRE O REAL E A FICÇÃO


O segredo discursivo conservador, de parcialidade imoderada, firma-se e afirma-se na sublimidade das memórias. Fazem compêndio deste peculiar e particular património, marcadamente moral, silenciando a verdade do vivido. Calando, e acalcando, a desigual riqueza histórica herdada, sobretudo o agregado espólio de dolorosas e sofridas memórias. Aferra-se, assim, tal cifra em emudecer a voz dos sentimentos dos que mais - e repetidamente - sofrem. Afinal, amargura feita de dores que inspiram, sem destino prévio, um imponderável ímpeto de memórias para além das próprias memórias. Sequelas de singulares e múltiplas vidas, sempre diferentes, marcadas pela absorvente torpeza das desigualdades. Muitas delas imerecidas tramas humanamente indignas. Mais do que os sucedimentos, tais memórias, remanescendo pelo amargo e repisado sentimento, despertam o (re) sentimento. Um armário de dupla face intrinsecamente humano que, criativa e em diálogo, no seu íntimo se nutre e anuncia. Em suma, memórias vivas, e ressentidas, de um tempo passado de jeito algum enterrado.

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