quarta-feira, março 25, 2020

O BEM E O BENEFÍCIO COMUM


Num texto marcado pela simplicidade culta, e nítida, e pela sua calorosa religiosidade, Anselmo Borges esclarece:

É preciso ceder bens menores a favor do bem maior, a saúde e a vida. Sacrificamo-nos todos, com o sentido do bem comum. Sem alarmismos, mas com racionalidade e urgência.

Entre outras de grande valor, destaco esta proposição por que confronta conceitos que no seu todo estreitamente se interrogam; bens menores, bem maior e sentido de bem comum. A saúde e a vida são, sem dúvida, pilares medulares desse bem maior. Outros existirão, mas a racionalidade e a urgência do momento determina a distinção. Não obstante, e sem pretensão de discordar de Anselmo Borges, bem pelo contrário, permitam-me sugerir, acrescentando, a inscrição da raiz de um bem maior na englobante e inclusiva ideia de dignidade humana e, em sequência, do valor da sua condição como horizonte comum de sentido. O momento que se atravessa, exatamente pela exigência da racionalidade e urgência, impõe, e bem, a necessidade de proteger a saúde e a vida, de todos, atribuindo-lhe sentido de bem comum. Com o tempo, estou certo, permanecerá a experiência vivida, austera e incontornável, desse desafio, desse bem imperioso. De um bem que, todavia, merece ser engrandecido, predicando-o na universalidade da sua natureza, e no seu imanente valor solidário, e não apenas como resposta, moldada e pragmática, a uma racionalidade de momento, necessária e urgente.

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