segunda-feira, abril 20, 2020

NA DESTREZA DE AJEITAR PALAVRAS

Há binários que usamos, acima de tudo, porque soam bem. Perdidos na sonoridade das palavras encurvamos o jogo dos sentidos. Vontade de poder e poder da vontade, feitas das mesmas palavras, seguem semânticas diferentes. O poder da mentira e a mentira do poder, igualmente assim servidas, desconcertam-se no seu alcance. Daí a importância de repesar bem a relação, não desdenhando a circunstância e as suas valências. Sobretudo em tempo de profusas vontades, controversos poderes e díspares urgências. Tempo, aliás, sorridente aos desmandos que ensopam a verdade que importa na adipose de ociosas dúvidas. Digo, mais precisamente, nessa gordura que sempre alenta os poderes da falsidade ardilosa. Como diria o povo, abusando de conversa fiada, ou na voz dos que falam sem rodeios, usando um paleio feirante em modo de banha da cobra. Os sanguessugas por aí serpeiam, e o seu jargão é sempre bem-talhado ao modo proveitoso de pintar úteis binários. Aqui deixo então, relembrando, a ideia que todos conhecem, mas que sendo familiar nem sempre dela nos servimos…

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