quarta-feira, julho 22, 2020

AQUELE QUE PARTE PARA O DESERTO NÃO É UM DESERTOR


Observo a democracia e interpelo a sua razão democrática. A abrangência da sua mediação e o fruto da sua socialização. Exigindo de mim estar presente, e pensar. Sim, pensar de um modo consequente e radical a vida concreta das pessoas. Essa outra vida escorada na materialidade do seu existir real. Instigação provavelmente incerta, ou mesmo inverosímil. As distâncias do múltiplo desconcertam e desordenam o decente olhar. Submetem-no ao desalmado lodaçal das desigualdades. Afadigado, desisto da procura. E assim abandono o sonho de encontrar a razão que busco. Repouso, pois então, apenas no silêncio da utopia prometida do universal que a todos pertence.


Nota – O título é uma expressão referida por Esquirol, no seu livro Resistência Íntima, supostamente gravada por um eremita nas paredes da sua cela.

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