sábado, abril 01, 2023

DIREITOS HUMANOS?

Sim, quem se empenha na luta contra a pobreza e as suas incompreensíveis e profundas desigualdades é quem, de verdade, assume a potencialidade da categoria de defesa dos direitos humanos, os promove e os socializa. Neste atual tempo meândrico os meios antepõem-se aos fins apoderando destes a agulha ética dos interesses e dos seus valores. Como situar então o cinismo discursivo que enlaça o persistente uso dos seus juízos e concepções? Carl Schmitt, em "O Conceito Político", anota a seguinte e incómoda ideia; "A humanidade, enquanto tal, não pode fazer qualquer guerra, pois ela não tem qualquer inimigo, pelo menos não neste planeta. O conceito de humanidade exclui o conceito de inimigo, pois também o inimigo não deixa de ser homem e nele não se encontra nenhuma diferenciação específica. Que sejam feitas guerras em nome da humanidade não é nenhuma refutação desta verdade simples, mas tem apenas um sentido político particularmente intensivo. Quando um Estado combate o seu inimigo político em nome da humanidade, isso não é nenhuma guerra da humanidade, mas uma guerra na qual um Estado determinado, diante do seu opositor na guerra, procura ocupar um conceito universal, para (à custa do opositor) com ele se identificar, de modo semelhante a como se pode usar equivocamente paz, justiça, progresso, civilização para os reivindicar para si e recusá-los ao inimigo. A ‘humanidade’ é um instrumento ideológico das expansões imperialistas particularmente utilizável e, na sua forma ético-humanitária, um veículo específico do imperialismo econômico. Para aqui, com uma modificação aproximada, é válido um dito cunhado por Proudhon: quem diz humanidade quer enganar". Vale a pena refletir sobre os direitos humanos e na humanidade que, com verdade e coerência, os compreende.

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