Ao ler Rick Rubin, sinto-me sempre alegremente desafiado. Ao
falar de criatividade, ele lida com a música como um fluxo espontâneo que, não
devendo ser forçado, exige presença e disponibilidade. Para Rubin, a
criatividade não é apenas uma habilidade técnica ou uma tarefa a cumprir, mas
sim um modo de ser e, como tal, uma maneira de estar atento e sensível às
circunstâncias. Ele destaca a importância de se libertar das contingências e
dos entraves para dar espaço ao desejo de começar e à criação a alcançar.
O criador não é o mestre que força a sua vontade, mas o ser
humano que se revela aberto e vulnerável para o confronto. Estar disponível à
criatividade exige uma entrega sem barreiras e, sobretudo, sentir-se um presente
não perdido no passado nem apressado com o futuro. A criatividade, para Rubin,
é um espaço onde a mente desacelera e o coração se prende a algo mais profundo,
para além do entendimento.
O processo criativo exige assim confiança. Ele admite a aceitação da incerteza, quiçá até do caos, enquanto espera pela beleza do momento imprevisto. A criatividade não é uma força, mas sim um oculto a ser abraçado. Na arte de criar, o segredo não está no afinco, mas na entrega. Criar é, assim, uma dança com a incerteza. Ela se afirma quando a mente cede à oportunidade e o coração assume o controle. Sem forçar, sem querer tudo vigiar, é vital admitir que a criatividade se apresente com a virtuosa autenticidade.
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