Portugal tornou-se, penso eu, um país onde a “isenção
jornalística” é a maior das ficções. Comentaristas que se repetem de canal em
canal como papagaios de cartilha, notícias cozinhadas à medida do patrão e uma
neutralidade tão casta que só serve para proteger os fortes e calar os fracos.
Eis o jornalismo conservador que temos: obediente, previsível e com o brilho
crítico de um apagador de quadros.
No entanto, eis que surge Pedro Tadeu, sem cobardias,
incómodo, assumido, comunista. No seu livro Porque sou COMUNISTA,
relembra o óbvio que todos fingem ignorar: não existe jornalista neutro. A
neutralidade é apenas a ideologia dominante disfarçada de batina branca. Fingir
que se olha o mundo sem ideologia é o truque, talvez, mais gasto da propaganda.
O que pode existir, mas que raramente vemos, é
independência: a coragem de reconhecer as próprias lentes e, ainda assim,
procurar uma verdade que não seja apenas a fotocópia do discurso oficial.
Utopia? Talvez. Mas sem utopias a profissão não passa de boneco articulado.
A opinião não é notícia, nem reportagem, nem análise. Mas em
Portugal tornou-se tudo ao mesmo tempo, ou, mais claramente, um circo onde o
comentador faz de repórter, o repórter faz de moralista e o moralista faz de
cão de guarda do patrão.
Pedro Tadeu, pelo contrário, não se esconde. Assume o que
pensa, expõe as suas convicções e, sem medos nem receios, é aí que exprime a
sua verdadeira liberdade. Muitos outros, pelo contrário, vão-se ajoelhando
perante a fábula da isenção, enquanto Pedro Tadeu mostra que a ética não é
afastamento de ideias, mas sim clareza, coragem e rigor.
Neste tempo em que grande parte do jornalismo português se tornou caixa de ressonância do conservadorismo, confundindo ponderação com cobardia e imparcialidade com sabujice, Pedro Tadeu torna-se uma raridade: não mais uma voz que dá relevo ao poder, mas uma voz que, certamente, o incomoda e desassossega.
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