Eis que chega a grandeza suprema: a humanidade, perdida entre dúvidas inúteis e desejos ridículos, finalmente se ajoelha perante o SELF PURO E ABSOLUTO.
A espontaneidade faz-se crime. A privacidade torna-se luxo burguês. A
pluralidade, como é óbvio, reduz-se a achincalhe do UNO digno.
O GRANDE EU vê tudo. Tudo mesmo. Um suspiro fora de hora. Um
riso traiçoeiro. Uma fantasia desalinhada. Tudo vai para a lixeira crítica da pátria. A ordem
não tolera atrevimentos. A ordem não suporta sequer entusiasmos.
Curioso, não? Tanta mestria exige vigilância. O TODO treme
diante da meiguice. O ABSOLUTO assusta-se com o menor defeito. Herói frágil?
Poder fragilíssimo.
O riso será sempre proibido. Se insiste, resta-lhe a
clandestinidade: bicha-se nas sombras da alma, ali onde o SELF SUPREMO ainda
não instalou as suas câmaras.
Cada gesto é fiscalizado. Cada emoção, medida. Cada
pensamento, incessantemente vigiado. O SELF TOTALITÁRIO: divino, absoluto, mas
ridiculamente temeroso do humano.
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