quarta-feira, setembro 03, 2025

O SER DO SELF TOTALITÁRIO

Eis que chega a grandeza suprema: a humanidade, perdida entre dúvidas inúteis e desejos ridículos, finalmente se ajoelha perante o SELF PURO E ABSOLUTO.

A espontaneidade faz-se crime. A privacidade torna-se luxo burguês. A pluralidade, como é óbvio, reduz-se a achincalhe do UNO digno.

O GRANDE EU vê tudo. Tudo mesmo. Um suspiro fora de hora. Um riso traiçoeiro. Uma fantasia desalinhada. Tudo vai para a lixeira crítica da pátria. A ordem não tolera atrevimentos. A ordem não suporta sequer entusiasmos.

Curioso, não? Tanta mestria exige vigilância. O TODO treme diante da meiguice. O ABSOLUTO assusta-se com o menor defeito. Herói frágil? Poder fragilíssimo.

O riso será sempre proibido. Se insiste, resta-lhe a clandestinidade: bicha-se nas sombras da alma, ali onde o SELF SUPREMO ainda não instalou as suas câmaras.

Cada gesto é fiscalizado. Cada emoção, medida. Cada pensamento, incessantemente vigiado. O SELF TOTALITÁRIO: divino, absoluto, mas ridiculamente temeroso do humano.

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