domingo, novembro 23, 2025

O INCÓMODO DA VERDADE

A autenticidade, sendo uma honestidade, não deixa de expressar a possibilidade de uma situação importuna. Sabemos bem que viver sem mentiras tem dificuldades sérias. Não obstante, sabemos também que conviver dissimulado exige uma necessidade falsificada e, sobretudo, acrescida.

A coragem, reconheço, não deixa de ser uma determinação moral perseverante, uma resiliência que se vai alicerçando sem pedir aprovação à nossa espontânea vontade. Concerne, sim, a um momento em que negamos a mentira meiga - não por maldade, mas porque o silêncio da vida se faz existindo.

Ser autêntico é sempre acessível; todavia, requer valor e coragem. Implica, pois, aceitar a agitação do real: considerando mais fácil desprezar a circunstância do que permanecer inteiro quando a sociedade nos pede variantes arrumadas.

Todos nós enaltecemos a entrega à verdade, todavia bem poucos resistem ao conforto do que é mais fácil assumir. A coragem moral é, na sua essência, concisa, insensível e cruel e, como tal, torna-nos resgatadores. Eis aqui o embaraçoso e singular remoque da conduta humana. O preço de viver inteiro não é, pois, claramente “popular” …

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