A autenticidade, sendo uma honestidade, não deixa de expressar a possibilidade de uma situação importuna. Sabemos bem que viver sem mentiras tem dificuldades sérias. Não obstante, sabemos também que conviver dissimulado exige uma necessidade falsificada e, sobretudo, acrescida.
A coragem, reconheço, não deixa de ser uma determinação
moral perseverante, uma resiliência que se vai alicerçando sem pedir aprovação
à nossa espontânea vontade. Concerne, sim, a um momento em que negamos a
mentira meiga - não por maldade, mas porque o silêncio da vida se faz
existindo.
Ser autêntico é sempre acessível; todavia, requer valor e
coragem. Implica, pois, aceitar a agitação do real: considerando mais fácil
desprezar a circunstância do que permanecer inteiro quando a sociedade nos pede
variantes arrumadas.
Todos nós enaltecemos a entrega à verdade, todavia bem
poucos resistem ao conforto do que é mais fácil assumir. A coragem moral é, na
sua essência, concisa, insensível e cruel e, como tal, torna-nos resgatadores.
Eis aqui o embaraçoso e singular remoque da conduta humana. O preço de viver
inteiro não é, pois, claramente “popular” …
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