A atividade humana ordena-se mal quando se interpõe como obstáculo entre a ação e o seu sentido. O domínio da propriedade privada e a divisão do trabalho transformam-se então em oposições que se tornam arrumadores quotidianos, por vezes verdadeiros expropriadores, do domínio do trabalhador sobre a sua própria vida.
O desfecho é uma forma de estar em que o ser humano surge
cada vez mais como utilidade, rendimento ou reforço produtivo, e cada vez menos
pelo valor do que faz e do mundo que alimenta. A alienação intensifica-se,
convertendo-se num calvário externo de subsistência. Subordinado à
racionalidade da pertença privada e a uma divisão fragmentada do trabalho, o
ser humano vê-se afastado do todo do seu agir, desligando-se da sua própria
vida.
Reconhecer a alienação não é apenas um exercício de clareza,
mas um gesto basilar e, por isso mesmo, ético. Sempre que a atividade humana se
submete a mediações que escapam ao seu controlo consciente, a vida organiza-se
contra si própria. Recuperar o sentido humano do trabalho implica reintegrar a
sua orientação e reconhecer os sujeitos como autores do seu agir e
corresponsáveis pelo mundo comum que constroem. Sem essa progressiva
apropriação ética da atividade humana, toda a promessa de avanço permanece fútil,
e a liberdade se reduz a uma mera aparência formal.
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