quinta-feira, maio 10, 2018

É OU NÃO GRANDE PENALIDADE?


PENALTIQuando alguém fala do que toda a gente viu, a realidade mostra-se estranhamente diversa. A diferença mora, sem dúvida, na desordem dos olhares e, de modo algum, como é óbvio, nos factos vistos. O real e o imaginário acertam, no seu todo subjetivo, a interpretação que convém. O tolerante dirá que tal acerto é uma sequela da natural paixão e da emoção que a ela se associa. Decerto que sim. Todavia, a persistência dos excessos, e o jeito armífero com que se manifestam os arbítrios, não cabem no regaço bondoso da compreensão. A insistência obstinada na versão, que não se reconhece tendenciosa em tempo algum, adquire claramente características patológicas. Com o tempo, o encarniçamento nada explica, apesar de se explicar de mais e, acima de tudo, bloqueia em definitivo a capacidade, afinal, de separar a ficção da verdade. O ambiente do bate-boca ganha assim, através da intoxicação verbal alardeada, contornos de uma risível, embora penosa, paranoia tristemente generalizada. Não será grande a penalidade, mas é, na verdade, uma inevitável indigência comunicativa.

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