sábado, maio 29, 2021

A VERDADE DE UMA VERDADE

Vagueia-se, não ausente, no encalço de uma verdade que, em definitivo, não se encontra. Uma verdade sem critério de universalidade, nem afinidades com a ciência. Uma verdade outra que, afinal, se vai criando ao longo da vida e do conhecimento que ela nos oferece. Uma verdade que cedo recusa a insuficiência de uma existência mimética, porventura acorrentada. Sem receios do vazio e de estar só, livremente só. Nesse lugar de liberdade, possibilidade e criação com os que procuram, afinal, a felicidade de todos e de cada um. Como diria Jung, estar só só é solidão quando nos sentimos incapazes de comunicar as coisas que nos parecem importantes, ou por defendermos pontos de vista que outros consideram inadmissíveis. Assim sendo, fala-se então de uma verdade outra que exige coragem, e um insistente e persistente humanismo crítico[1]. Ou seja, um modo de estar na busca dura dessa verdade.


[1] Ideia suscitada pela leitura do prólogo do livro de Manuel Frias Martins, A Espiritualidade Clandestina de José Saramago.

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