sábado, janeiro 20, 2024

A POLÍTICA NOS MEANDROS DA VIGÍLIA E DO SONO

Discorrer sobre o viver político é, por princípio, frequentemente agitado. Todavia, a diligência de se dar pressa à sua razão fá-la mostrar-se no conveniente conforto do seu útil retrato. Pela palavra acertada, com sentido e método, ela se anuncia simulando. Ergue o seu arbítrio e entrega-se ao acerto da palavra reanimando emoções mais do que propósitos. Absorvendo a imaginada desordem move as necessárias e inferidas incumbências. Entrega-se, pois, à utilitária serventia do premente proceder. Recriando ou adulterando a convincente e eficaz generalidade. Aquela que mais facilmente possa arrumar o embaraçoso bulício. É sua, da razão ataviada, o acomodado papel de enlaçar as confinantes abrangências. Ordenando inclinações, acertadas apreensões e ousados juízos. A caminho de induções judiciosas e de recomeçadas ideias mais aguerridas e infalíveis. Aconchegando assim o percetual imediato através do trivial e do suposto possível. Embora grosseira e ardilosa, a repisada razão anuncia-se sempre forte no seu poder de convencer, e vencer, o receio que a incerteza suscita. A esperteza saloia assim sobrevive, e não só, também faz política.

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