Tudo o que envolve o ser humano, de alguma forma, magnetiza-me. Os valores que me acompanham, por sua vez, alimentam esse severo "íman" que me impõe um cuidado exigente na forma como concebo a noção de identidade. Por isso, a minha constante e atenta reflexão crítica acompanha-me na dureza e prudência do seu minucioso caminhar.
Este tema, então, leva-me ao que se tem apelidado de
política identitária, especialmente ao reconhecer categorias como raça, género
e etnia. Servindo-me da ideia de Yascha Mounk, que argumenta que a política
identitária se tem transformado numa força divisível, é lógico concluir que, ao
acentuar a cisão, estaremos a comprometer a possibilidade de construir uma
sociedade mais inclusiva e plural.
No contexto atual, especialmente num tempo fortemente
marcado pelo digital, as identidades específicas proliferam, e a sociedade
exibe-se cada vez mais fragmentada. A dinâmica do “nós contra eles” nada
protege os laços democráticos. Mounk, de forma acertada, alerta que essa
tendência pode arruinar a coesão social e, ao mesmo tempo, enfraquecer valores
mais abrangentes, como a justiça, a igualdade e a liberdade.
Em síntese, subscrevo a ideia de Mounk, quando ele
questiona, criticando a política identitária moderna e suas consequências, se
ela é, de fato, a melhor forma de alcançar uma sociedade mais justa e unida.
Pergunto-me: como podemos resgatar a coesão social e as qualidades de um espaço
público comum?
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