sexta-feira, abril 04, 2025

RETOMAR O PODER, E SEM DEMORA

O livro de Christine Kerdellant, "MAIS PODEROSOS do que OS ESTADOS", fala sobre o acréscimo do poder das grandes empresas no mundo e como elas estão a ultrapassar, e até engolir, o poder dos próprios governos. Imaginemos isto: as corporações agora têm tanta grana, influência política e controle sobre as nossas vidas que estão a fazer sombra até aos Estados-nação. É como se elas tivessem virado ao verdadeiro "governo mundial".

Kerdellant faz um ponto crucial: essas empresas não apenas mexem os pauzinhos nos bastidores, como também fazem o que querem, muitas vezes sem ninguém as controlar. Elas causam dano às leis, mudam políticas públicas e até agilizam normas globais. E o melhor (ou pior, depende de como se vê), elas fazem isso tudo sem respeitar as fronteiras dos países. Basicamente, elas estão a construir um "governo global", só que sem nenhum tipo de responsabilidade, como seria tolerável ou não.

Além do poder económico, essas corporações controlam a informação, a tecnologia e até o dinheiro que circula pelo mundo. Elas não estão só a competir com os governos, pois já vão tomando as rédeas do futuro deste planeta. E, se a gente não tomar cuidado, podem até decidir para onde o mundo vão encaminhar.

Então, o que fazer? Kerdellant dá uma solução (de certo modo difícil de engolir): é hora dos Estados e a sociedade civil se unirem e reaverem o controle sobre áreas essenciais, como as finanças, os recursos naturais e as infraestruturas. Essas coisas não podem ficar só nas mãos das empresas, como se fosse tudo um grande (e aceitável) mercado livre. E ela não para por aí: defende também a criação de um novo conjunto de regras globais, para que as corporações não saiam por aí fora  destruindo o que é bom para o meio ambiente e, naturalmente, para as pessoas, tudo em nome do saudável lucro.

A autora é bem clara quando afirma que isso só vai acontecer se os países realmente se entenderem e, daí, se unirem. Não dá para cada um agir sozinho. E, além disso, ela chama a atenção para o papel fundamental da sociedade civil, dizendo que as pessoas precisam de acordar e de se mobilizarem. Só assim, com força e imposição, é que as coisas podem mudar. Mas também precisamos de mais educação e consciencialização para que todos entendam o que está em jogo.

Por último, Kerdellant dá uma sugestão polêmica: fortalecer as organizações internacionais, como as Nações Unidas, para que possam, de fato, colocar freios no poder das corporações. Isso ajudaria a criar uma governança mais justa e democrática, já que o poder das empresas está não só a se ultrapassar, e muito a gozar com o poder dos governos.

Para concluir, a autora chama-nos à ação. Se quisermos "retomar o poder", precisamos de reestruturar tudo – a relação entre governos, empresas e sociedade civil. O objetivo? Um equilíbrio de poder que favoreça, não as corporações, mas as gentes que há muito se sentem cansadas e humilhadas. 

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