O pensamento, quando forçado pela violência do vazio, inclina-se à entrega ao desânimo, ou ao devaneio de uma construção que o defenda. Neste entremeio, a passagem do estado bruto da inquietação à formulação de um trio de perguntas, “Qual é a medida de um homem? Que objetivos pode propor-se? Que esperanças lhe são permitidas?”, exprime com precisão essa especulação da consciência: dar uma geometria ao caos ou fantasiar a partir do destroço. Não se trata apenas de racionalizar o mal-estar, mas de reinscrever a existência num campo de possibilidades. A filosofia, enquanto ânimo de aclaração e de rumo, surge aqui como causa primordial, ou seja, como um enérgico gesto de resistência, quiçá, contra coisa nenhuma.
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