sábado, agosto 09, 2025

PENSAR JUNTOS OFENDE O DOGMA

Ao emudecer o humano como universal, inicia-se o pensar pelo fim, ou melhor, pelo remate da partilha, da incerteza radical e da possibilidade de arquitetar um futuro comum. O universal, compreendido não como uma essência rígida, mas como uma construção aberta onde as diferenças se podem reconhecer, torna-se condição essencial para que a estima seja preservada e a interação ganhe corpo. É nele que o “nós” se torna possível sem marginalizar o “eu” e o “tu”. Ao negar essa referência, o pensamento arrisca-se a reduzir-se a fragmentos fechados, incapazes de se interrogar mutuamente. A compreensão do ser que assiste e sustenta este universal não se pode, pois, reter numa qualquer forma predefinida. Pelo contrário, testemunha que ser humano é, acima de tudo e em primeiro lugar, estar em relação, exposto ao outro e ao mundo. É esta abertura partilhada que impede o vazio, esse lugar desnaturado onde jamais haverá espaço para o comum pensar e, portanto, assumir a sua responsabilidade, cultural e não só. O universal jamais se pode calar ao encristado, quiçá este cínico e vigente conservadorismo. 

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