quarta-feira, abril 13, 2011

O “COMITÌU” DO ZÉ

 

Um Zé arrebatado e na sua melhor das retóricas, sobretudo aceitável na abertura de uma campanha onde as múltiplas sortes se jogam, para ele essencial, embora para outros, azares provavelmente pungentes se aproximam, o Zé eufórico e orgulhoso vocifera em pleno “comitìu”; este momento foi uma lição para muita gente. E, sem rodeios, pergunta que Partido Socialista é este que os portugueses puderam ver aqui, reunido em Congresso? 

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Foto do Zé em pleno “comitìu”

Antes que algum sócio petulante se atrevesse à elucidação, o Zé esclarece os cépticos e inoportunos cinzentões do costume. Diz ele; o que os portugueses puderam ver aqui, em primeiro lugar, (foi) um Partido unido. Sim, um Partido unido. Porque este Congresso foi uma grande lição de unidade. A unidade de todo o Partido na afirmação dos seus princípios e dos seus valores; a unidade de todo o Partido na defesa do seu trabalho no Governo, ao serviço do País e na defesa do seu projeto para o futuro de Portugal. Ficamos, finalmente, a saber, que as conflitualidades de outrora não passaram de caprichosos arrufos de galos e que os PEC.s sucessivos (que a partir de agora outros se associam), faziam e fazem parte desse insondável e apetecível futuro que os socialistas veementemente desejam.

Com a autoridade que todos, mesmo todos lhe reconhecem, o Zé faz ver que este Congresso mostrou também aos Portugueses que o PS é um partido com ideias conhecidas e claras. A nossa agenda não é uma caixinha de surpresas, feita de ideias vagas e de palavras vazias. Os portugueses sabem onde nos podem encontrar. Notável. Para além da insigne e incontestável verdade anunciada, que nenhum cidadão ousará, por certo, pôr em causa, o Zé metamorfoseia e verte a desfaçatez em inteligência política, requisito aliás indispensável ao reconhecimento publico do Zé como um animal da polis.

Caros concidadãos, podemos confiar no Zé. Ele promete e sempre mostrou que cumpre o que promete. Aos portugueses não faltam provas dessa honradez e probidade. Ele promete, insiste e persiste defender a promoção do investimento económico, de modo a gerar mais emprego e riqueza nacional e compromete-se, melhor do que ninguém, em tomar a defesa inequívoca da proteção social do Estado, com serviços públicos fortes, eficientes, acessíveis a todos e a todos garantindo igualdade de oportunidades. E se alguém ousa duvidar, o Zé mostra que está à altura, avisando que Portugal hoje precisa, (de) responsabilidade, maturidade política e ideias claras. Hoje. Sim hoje, porque a oposição trouxe o FMI para nossa casa…

Como se pode descortinar, os inimigos são muitos mas todos eles de identidade provada. Portugal foi arrastado para uma crise política que era totalmente evitável. Mas, o pior de tudo, os tratantes decidiram provocá-la no pior momento possível. E quem são eles, pergunta o Zé ao Zé e o Zé responde;  foram todos os partidos da Oposição – extrema-esquerda e direita - unidos numa aliança contranatura. Eles juntaram-se não para construir fosse o que fosse mas apenas por ambição de poder a qualquer custo. Toda a gente sabe que o Zé é firme e não hesita. Com a honestidade que o define e melhor o caracteriza, o Zé revela  que poucos momentos haverá em que a leviandade política e o calculismo partidário provocaram danos tão graves e tão profundos no interesse nacional. Poucos momentos haverá em que são tão evidentes as consequências devastadoras para a vida das pessoas, da irresponsabilidade e da sofreguidão pelo poder. Genial. Ainda ninguém havia dado por isso.

E o Zé não descansa e, nessa estafadela de aconselhar, acentua a importância, neste momento difícil, de uma liderança capaz no Estado e na sociedade. E liderar quer dizer ter responsabilidade, demonstrar elevação, saber propor e saber agir, apelando, preocupado com o nosso futuro colectivo, à não dispersão dos votos em partidos que vivem apenas do protesto, que se auto-excluem de qualquer entendimento e que nunca, nem no passado, nem no presente, estão disponíveis para construir seja o que for. Para espanto dos descrentes e distraídos, desta magna reunião sai, de facto, diz o Zé, um Partido Socialista novo, com ideias claras e vontade firme. Um Partido à altura deste tempo. Um Partido para servir o País.

O Zé não perde pitada e denuncia energicamente os que se escondem atrás dos arbustos, sem apresentarem as suas ideias, sem apresentarem as suas medidas e sem apresentarem as suas propostas. É  muito simples e demasiado evidente, diz o Zé: eles fogem a comprometer-se não porque estejam a pensar no País mas porque estão a pensar apenas nas eleições! Sim, agora sim. As coisas começam a ficar mais claras e a nobreza de carácter do Zé definitivamente convence. Pois bem: chega de aventuras, chega de jogar às escondidas, chega de irresponsabilidades. O momento exige elevação política e sentido de Estado. E para o pasmo de alguns, os menos avisados, o Zé repete: o momento o exige elevação política e sentido de Estado.

O Zé está aí e os portugueses podem estar seguros. Encontrarão o PS, sem olhar a outros interesses que não o interesse nacional. Mas o Zé mostra-se, como sempre, compreensivo com as inquietações das gentes legitimamente preocupadas. Partilho inteiramente esse vosso sentimento, reconhece, mostrando-se irritadissimo com a crise internacional que atingiu duramente a economia portuguesa e fez subir o desemprego e tornou a vida mais difícil para muitas empresas e para muitas famílias e que a sede de poder de uns quantos acrescentou à crise económica esta irresponsável crise política.

Mas o povo, previne paternalmente o Zé, deve perceber que não é tempo para ideias perigosas, nem para desvios por caminhos arriscados. O tempo não é de rupturas nem de cartilhas ideológicas radicais. O tempo é de garantir o essencial: garantir segurança às pessoas, garantir segurança às famílias. O FMI, gente que o Zé diz não tolerar, tem de ser combatido porque o País não se pode dar ao luxo de interromper o caminho que está a ser percorrido. Nos três primeiros meses deste ano, a despesa pública baixou, como nunca tinha acontecido e a receita aumentou. O défice, por isso, caiu.

Se dúvidas houvesse, a mensagem do Zé tranquiliza-nos. Estamos a caminhar bem e o Zé, responsavelmente, apela à nossa confiança porque é tempo, agora, de enfrentar mais esta dificuldade, este cenário de uma ajuda externa que os Portugueses não mereciam e que o PS tentou evitar a todo o custo. Mas os Portugueses contarão mais uma vez com o PS e o seu Governo. Mas, de repente, uma dúvida me sobressalta; como entender que para levantar o Partido Socialista tenha havido necessidade de uma oposição irresponsável ter feito cair o Governo? Por muito que não queira, tenho que reconhecer que esta declaração será provavelmente a única contradição que suspeito existir no discurso brilhante e sincero do Zé …

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