quarta-feira, junho 08, 2011

OS INTELECTUAIS - SILÊNCIO IMPOSTO OU PROSTITUIÇÃO DE LUXO?

 

corpoadentro

Imagem retirada do BLOG AS LEITURAS DO CORVO

 

CORPO ADENTRO de Bernardo Coelho

A primeira grande investigação sobre a prostituição de luxo em Portugal.

Corpo Adentro é um olhar que desvenda o denso e oculto quotidiano destas mulheres, prostitutas e acompanhantes. Uma intensa e rigorosa pesquisa que permite compreender como as acompanhantes dão corpo a uma identidade sexualizada.

 

A analogia não é, de todo, despropositada …

Os tempos de hoje exibem, aos olhos de qualquer moral de reputação merecida, para além de um desprezo indecoroso pelo FUTURO, perplexidades inaceitáveis feitas de múltiplas iniquidades ofensivas ao respeito pelas pessoas e insuportáveis nos planos das exigências mais elementares de justiça social. Embora submersa em bens materiais de toda a casta, a sociedade no seu conjunto oferece-nos, com efeito, uma triste e inquietante QUALIDADE tendo presente os valores da DIGNIDADE HUMANA e da JUSTIÇA SOCIAL que, pela sua centralidade, determinam e autorizam o julgamento de mal-estar e apoquentação.

 

É neste quadro, tendo em atenção a constatação do evoluir histórico, que os INTELECTUAIS parecem ter perdido lentamente e sem recuo patente, a militância forjada na sua autonomia de afirmação de pensamento e de crítica e o desperdício do seu poder mobilizador, acima dos interesses egoístas de grupos e das intolerâncias preconceituosas dos partidos. Estas características, cívicas e morais, associadas ao reconhecimento social das suas competências, profissionais e académicas, aceites como excepcionais, são as que lhes conferem (ou concediam) a legitimidade e o enorme respeito público para fazer valer não só o direito mas, sobretudo, o dever de intervir em questões de interesse e de preocupação de ordem geral, em nome de uma “consciência colectiva” que importa(va), permanentemente, promover e atualizar.

Desgraçadamente, hoje, apesar da expansão das escolaridades, presencia-se o fenómeno intrigante do progressivo distanciamento entre as chamadas elites ditas cultas e a generalidade das pessoas comuns através de um movimento perverso de sobrevalorização daqueles em desfavor da acintosa vulgarização e empobrecimento crítico destas, numa lógica de reforço da dominação política, económica e social, que acrescenta a esta subjugação, o necessário e conveniente projeto de hegemonia cultural e ideológico, adaptado às suas particulares exigências e prementes necessidades dos tempos. Este fenómeno enredador, para além de questionar o papel da ESCOLA que temos e da ORDEM que esta serve, torna-se evidente a formação de uma nova classe de “pregadores mediáticos” que tem a função serventuária e missionária de esclarecer o “povo”, esse corpo ignorante e bruto, no intuito de o trazer à boa razão e de lhe indicar o caminho correto e prometedor da paz social que a “todos” interessa.

Quanto a mim, a VIDA, através das pessoas concretas que nela habitam e das suas histórias, tem-me ensinado a resistir e mesmo a rejeitar o assédio das melodias do individualismo abstracto e rarefeito do ser humano decorrente dos diversos liberalismos que, hoje e a todo o momento, nos sitiam. Continuo a pensar que o homem, no seu essencial, se faz no quadro objectivo das suas relações sociais e, como tal, não alinho numa concepção metafísica da pessoa que trata com reverência a multiplicidade do bem individual em relação ao bem comum e a separação das pessoas em detrimento da sua interdependência.

É neste quadro de interação social e contextualizada que julgo ser possível o RECONHECIMENTO DO OUTRO como uma necessidade humana fundamental e se (re)estabelece a dignidade das pessoas como formas necessárias e igualitárias de aceitação, ao contrário de honras espúrias e de honorários suspeitos que fazem dos canalhas mediáticos gente respeitável, desinteressada e qualificada. Que saudade da nobreza e da dignidade dos INTELECTUAIS de outrora que, ao contrário de nos convocarem para um sentido duvidoso de responsabilidade nos apelavam para a uma outra e diferente OBRIGAÇÃO; a de lutar pela DIGNIDADE e pela JUSTIÇA, humana e social …

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