domingo, fevereiro 23, 2014

SE OS PORTUGUESES VIVEM PIOR, PORTUGAL ESTÁ MELHOR PARA QUEM?

FOTO imagemEnaltecer um Portugal melhor, com os portugueses a viver pior, representa a confirmação eloquente de que a mentira também faz parte da verdade. E porquê? Porque a mentira, na sua peculiar falsidade, tem como intento esconder, confundir ou iludir, acobertando-se na insídia obscuridade de um suposto fundo de verdade. Por outro lado, a mentira no seu regabofe de deturpação constante, escora-se sempre na simples e conhecida regra, aliás manhosa e sempre alindada, cuja serventia não é mais do que encobrir, deslocar, excluir ou mesmo adulterar a verdade, tornando esta algo de indistinguível, de temido ou de adequadamente distante. Por último, e este é talvez o aspeto mais desafiante, partindo-se dela, a mentira possibilita o desenvolvimento de um exercício de análise crítico e fundamentado, quando se toma por objeto a relação dialética que ela estabelece com as realidades que procura ocultar, deturpar ou abastardar.

Assim sendo, a mentira transporta consigo muito embaraço, nela há muito hospedado, que importa divisar com o propósito de informar os interesses incertos e suspeitos que ela serve e protege e à ordem de quem. A partitura neoliberal está claramente engenhada e as partes que a formam justapostas em perfeita sintonia. E foi assim que o Congresso do PSD se tornou, neste fim-de-semana, numa peça nevrálgica da asfixiante e já montada arquitetura de propaganda, destinada tão-somente a formatar as representações e os sentimentos dos comparsas ditos inconsequentes e, em particular, dos bondosos eleitores mais desavisados. Deste modo transformada a magna assembleia numa feira de aleivosias, vaidades e fingidas convergências, ali se mercantilizou, como é óbvio, uma abundância de artefactos ideológicos contrafeitos. O interesse nacional, a social-democracia, a liberdade, a democracia e um estado social em bom estado foram os pregões mais escutados. O saldo do negócio estando (todavia) por apurar, uma coisa é já certa e o aviso conhecido. Nestas feiras, o que se compra está comprado. Não se aceitam posteriores reclamações. Assim, e depois deste reiterado aviso, aqui deixo um simpático recado; o futuro não despertará apenas amanhã, já que há muito que ele se vem encaminhando. Naturalmente contrafeito…

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