quarta-feira, setembro 23, 2015

A FATALIDADE DO DIA SEGUINTE

 

2015-09-05-eleicoes-votoO valor do voto no SYRIZA, em janeiro de 2015, aparenta hoje não ter contado para nada ou, na melhor das probabilidades, para muito pouco. Notoriamente, em face da insolente aventurança do sufragista grego, o casto e atilado EUROGRUPO não podia, com soberana razão, ficar quedo. Com base nesta usurpada autoridade, sentenciou que os displicentes helénicos, mal acostumados às deleitosas perambulações pelas azinhagas da democracia, neste contexto pretextado como positivo, faziam jus a um proporcionado e merecido escaldão. De facto, marotear à fartazana augustas eleições, acrescidas logo de uma afrontosa celebração pública de safadice, a ingratidão para com os esmoladores tornou-se irremissível e, por conseguinte, não podia nem devia ter a menor absolvição.

Como corretivo, o dito EUROGRUPO, intimou os vitoriosos a auto notificarem-se pública e aplicadamente perdedores. Tudo em nome da excelsitude da ordem europeia da finança, da transparência, do cálculo e da rédea. Transparência que, a este respeito, pois então, significa a responsabilidade acordada segundo a lógica de uma caminhada atrás franqueada e dum presente disponibilizado e condizente com o transato. Aliás, concerto que, em absoluto, não autoriza a qualquer um repensar destinos nem urdir acontecimentos.

A democracia já não é o que valia. Tem de se limitar à coibição funcional contraída com essa ordem inusitada de dita transparência. Assim sendo, não se admitem aventuras que desaceitem a compreensão e a concordância dessa obediência, aqui e ali discursivamente enroupada, como faz o nosso PS, de recatadas incompreensões e imprecisas divergências. Entulhado neste amontoado de escombros, o PS implora confiança ao mesmo tempo que a vacilante voz obsecrada o atraiçoa. Ganhe ou perca as eleições, a sua história futura definir-se-á no dia seguinte, ou seja, nos tempos imediatos que naturalmente se sucederão. Apesar de tudo, com algum recato, fico a fazer figas para que o povo não recidiva no delito abonatório da infame inclinação de 2011…

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