segunda-feira, fevereiro 22, 2016

UM EXÓRDIO AO OFÍCIO DA CIDADANIA

 

9788579383007Todo o indivíduo tem a obrigação cívica de indagar o mundo e dessa perscrutação agir em conformidade ética. Porém, este dever que decorre da sua inerente condição racional de imediato contrai uma responsabilidade quando acrescida por via da divisão social do trabalho. Neste contexto, dever-se-á relevar a sua condição de produtores (e/ou reprodutores) sociais mais do que de recetores de enunciados.

Esta qualidade torna-se fatalmente um poder relativo que se materializa através da influência, sobretudo sobre aqueles que não integram o campo do pensar interventivo ou se encontram em posições desprovidas de poder formal institucionalizado. A função primeira deste exercício é capacitar os cidadãos, num determinado tempo histórico, em dilatar e radicalizar a sua capacidade de pensar-se a si mesmos.

Para tanto, importa levar o pensamento aos limites do pensável, assim como às suas raízes mais profundas. Como? Trabalhando incessantemente e sem concessões sobre o inconfessado, o pressuposto, o pré-conceito, o implícito, o nunca declarado, ou seja, de submeter à discussão precisamente esses conceitos que servem para discutir, mas nunca para serem discutidos, tendo como referências orientadoras as noções de justiça, de equidade e de liberdade, esse pão do espírito humano, por mais perdido que este pareça encontrar-se.

 

 

Nota – o curto escrito que se apresenta é da minha total responsabilidade tomando, todavia, de empréstimo duas ou três ideias de Rui Pereira[1], no artigo de sua autoria ínsito no LE MONDE DIPLOMATIQUE, de fevereiro de 2016, intitulado «Intelectual»: modos de usar.


[1] Investigador do Centro de Estudos Comunicação e sociedade da Universidade do Minho

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