quinta-feira, março 10, 2016

O DIFÍCIL PARA CADA PORTUGUÊS NÃO É SÊ-LO; É COMPREENDER-SE

Citação de Miguel Torga (Diário XV, 1987), retirado do DN de hoje.

transferirSéculo XX. Parte dele, por obra da herança que recebemos, prestou-se à catarse do intelectualícidio amargado. Estado, Igreja e Universidade, em celestial enredo com a PIDE/PVDE, tiranizou a crítica política e escarmentou os exegetas desataviados. Comparável, em matéria de acossamento, só o Tribunal do Santo Ofício, no século XVI.

Hoje, no século XXI, às instituições incriminadas, embora num frágil quadro democrático, reuniu-se uma outra vigorosa, de contornos mais indefiníveis, mas não menos eficiente. Os media, que outrora ajudaram à fundação da democracia, exibem-se hoje como um dos seu principais fatores de degradação. Os interesses gerais descobriram-se trocados por outros, criados pelos mercados e seus apensos publicitários e políticos.

A função crítica desvaneceu-se e a perversa influência acomodou-se no lugar desocupado. De cidadãos resta-nos a condição de alorpados consumidores, eleitores e clientes. Chega Marcelo com um sedutor discurso de consenso. À volta da Constituição e sem aparentes indecisões sobre o Governo “à esquerda”. De opinante galga à suma instância do político. O tempo dirá como ele, Presidente, jogará neste campo minado de convergência entre a opinião e a política.

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