terça-feira, julho 31, 2018

A MENTIRA, OU A BOA-FÉ, NO FIO DA NAVALHA

A dissimulação do pensado, apurada pela palavra dita, supõe um prévio decurso que vai do íntimo pensado ao dito distorcido pela astuciosa arte de tudo embrulhar. Em definitivo, uma inscrição que pensa o pensado, acorrentando-o à hábil urdidura da versão a consertar. Paradoxalmente, de quando em vez, menosprezando até o factual iludido; o outro, o próprio, ou ambos. Todavia, cuidando sempre, ciente ou não, da inautenticidade que habita esse abeiramento com sensatez ou com a falsidade que, igualmente, lhe é próxima. Dessa significação, o conteúdo vale o que vale, pelo objeto mencionado e, sobretudo, pelo sentido aí colocado. O ato de significar não dispensa o outro, e a sua circunstância, vínculos do intimamente pensado, que pela calada se faz intencionalidade ausente. Boa-fé, talvez. Ainda assim, coxa. Se tomba ou não, depende da verticalidade. Se cai, apenas remanesce a mendacidade.

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