domingo, agosto 12, 2018

À FENOMENOLOGIA DOS INCÊNDIOS GRUDA-SE A FENOMENOLOGIA POLÍTICA DOS OPORTUNISMOS

Falar seriamente, e com a lisura necessária, sobre a entroncada fenomenologia dos incêndios, suporia conhecimentos e saberes de que não sou capaz de arrumar, muito menos de alinhar. Assim, ao acolher esta minha ignorância, feita fraqueza, socorro-me, como objeto de abordagem, as múltiplas e mescladas derivações discursivas que, conscientes ou não, com mais ou menos espavento, desconsideram tal exigência. Sendo assim, e bem ciente deste meu ponto fraco, desloco a minha atenção, e disposição crítica, para a intrigante assadeira onde as significações se cozinham, desatendendo ao claro objeto factual que é o incêndio. Estes, os incêndios, para além das suas dramáticas consequências, revolvem as nossas subjetividades, atiçam as nossas emoções e afervoram os nossos pensares. É neste caldear de sentimentos e razões que o pensado, por vezes, se deixa contaminar por germes que falseiam o que depois se diz e não o que verdadeiramente se pensa.

O discurso político canhestro, que neste breve comentário destaco, e aqui denuncio, explora tal circunstância para exercitar, de modo afrontoso, a sua travessa e costumeira competência de modalizar o campo prestadio da significação que espera encenar. Inventa e inventaria, assim, indicadores (e cicatrizes) de modo a que o afloramento da mendacidade útil se aproprie q.b. da veracidade que, por si só, afinal de contas, mesmo assim embaraça muitas, e mais alargadas, responsabilidades. Fazem-se acasalar, então, várias e dispersas racionalidades, amanhando a relativização necessária á função de entontecer e cultivar a intriga pública. Deste modo, à fenomenologia dos incêndios gruda-se a fenomenologia dos oportunismos, alargando-se o chão meândrico de potenciais e circunstanciais determinações. Não me desperta muito interesse em saber se há (ou não) vontade liberada de enganar. Suscitar a possibilidade da falsidade, não sendo esta sinónimo de enganar, com toda a certeza carrega em si o sinal indesmentível da disposição para a trapaça, nomeadamente política. Nefastos exemplos estes, eis o remate crítico desta minha breve e despretensiosa anotação.

Sem comentários:

Enviar um comentário