sábado, outubro 27, 2018

LUTAS SEM ALVO, INAPTAS DEFESAS


Mora em nós, um impreciso caos aclimatado por um doloroso entendimento, sobretudo, quando conformados com a inabilidade da sua mestria. Porém, quando esse entendimento se revela indiscreto ou impertinente, e o desconforto se advinha, engenhosamente dele escapamos, ou achamos fazê-lo. Nesse momento intrigante, o vivido aí marcado pelo genuíno sentir, embora amalgamado no lastro da experiência e da fantasia, apresenta-se, e anuncia-se, incómodo e inquietante. De tal jeito que a importuna agitação, nessa inimizada circunstância, se revela, e rebela, de igual modo, provocante e angustiante. Aculeada, esse despertar nos faz perceber, furtivamente, a embaraçosa verdade de uma liberdade refreada pela mordaça da iniquidade. Da malvadeza desse despótico costume doutrinário que nos afaz na presunção de nos fazer. Tornar ao passado, levantar o véu do supostamente esquecido, não é retroceder. Se o for, tomemo-lo como uma regressão necessária à busca de recomeços e de novas e imagináveis progressões. Oxigenando, com humana ousadia, o sangue que circula nas artérias do nosso pensar e do nosso agir, de modo a iluminar as ocultações que se abrigam na sombra e se disfarçam nos desvios dos nossos caminhares. Ao rememorar deste jeito o passado, novas geometrias éticas se alcançam, recuperando-se certamente um presente mais instruído, capaz de diferentes paisagens pessoais e humanas, mais livres e envolventes. Assim como, creio certo, socialmente mais autênticas e tolerantes.

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