quinta-feira, dezembro 27, 2018

SAÍDAS SEM SAÍDA


labirintoO tempo civilizacional, cada vez mais eivado pela impostura económica, é um tempo de intensa oscilação quanto às coordenadas humanas do bem-estar. A sedução brilha ao ponto de se multiplicar, ela própria, como indispensabilidade. A palavra e a imagem, neste exercício de desdobramento, cumprem por função o múnus de imanizar e persuadir. Identicamente, a somada pretensão de se estender à vindicação do ganho. A expressão ampliada do utilizável, quiçá torcida, enfim, é o que conta e significa. A suficiência da sua linguagem performativa encurta-se ao ato de prometer saídas, pretextando necessidades. A efemeridade do transitório, sempre urgente, insinua-se chave. Do espúrio desejo irrompem muitos outros sem fim à vista. A contaminação refina e ornamenta o horizonte do artifício, na sua verdade firmada ao ato de prometer. Mais do que as pessoas, interessa o desvelo no ordenamento do carrilar, orientando o sonho ao retorno da saída que se segue. Exibe-se o referente, invariavelmente performativo, ocultando o sentido do seu enunciado. Com toda a certeza, livrando-se do sagaz, mas incerto comprometimento. Os conteúdos das promessas sucedem-se, assim, na sua própria e natural dissolução. Delas próprias, e com elas, maculando a dignidade humana. Acredite-se, ou não, na aleivosia das promessas, afinal, muitas delas profetizando esperanças sem saída.

Imagem retirada DAQUI

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