Já cá não estão os avós, os pais e os tios. Dos primos, dois já nos deixaram. Também um irmão, há algum tempo, partiu. Mas a família permanece com os seus filhos, netos e memórias. Desenrolando o tempo na busca de uma história sempre inconclusa. De um apuro que se vai reerguendo como se de uma lenda se tratasse. Entranhada num banho de afetos e de cumplicidades. Com uma leveza que se reconhece, e se revela, na sua funda simplicidade. Sem feridas que inibam a verdade da reciprocidade e a sã emocionalidade das compreensões. Trocas soltas que no presente dão mais vida ao passado. Com entusiasmo, alegria e descoberta, enriquecendo, quiçá, vazios impensados. O mundo familiar torna-se, aqui, mais vasto e o tempo do momento mais precioso e vivo. Sonhando e imaginando esquecimentos acordados. Retraçando continuidades e dando às memórias palcos mais alargados. Sem medo do falso na busca do verdadeiro, acercando a imaginação do entendimento. Revivendo o passado, sabe-se lá, se não para inventar o futuro. Revigorando afetos, a amizade e a familiaridade. Assim saudando, todos anos, aqueles que o tempo vem tornando referências sólidas do nosso presente simbólico. Preservemos o sopro, e até breve.
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