quarta-feira, janeiro 25, 2023

AS MEMÓRIAS E OS TEMPOS

Pressinto a realidade mover-se em mim. Seguramente entre a verdade e a imaginação. Explorando roteiros da humana e pautada compreensibilidade. Logo, caminhos que pelo juízo da lisura me vão despertando renovados horizontes. Guiões afinal que reconsideram a impreterível mobilidade da condição e do seu tempo. De possibilidades que exigem uma decidida e generosa compreensão. Caminhando interpretações assediadas pela inquietação das incertezas. Desafiadas estas por dessintonias diversas da singularidade hermenêutica dos tempos. Tudo se me junta, se aproxima, se completa ou, pelo contrário, se confronta. Possíveis prováveis sobressaem, outros tantos se desvalorizam. Sempre ajuizados no reconhecido desassossego do entendimento. O equívoco racional não ajuda, apressa-se sim a curvar-se ao abstrato impreciso da (in)verdade. Revisito então o passado procurando o acordo de memórias, das suas moradas e dos seus tempos. Hoje, em lugares distintos, e mudadas as experiências, revisito as lembranças. Reconheço linguagens estranhas e diferenciadas de um inconsciente que de mim faz parte. Apenas me relembro, e bem. A desconstrução aperfeiçoou-se captando recomeçadas decifrações. Da pertinência das margens, da significação das omissões e do reconhecimento das inescrutáveis sobras. Sinto-me mais eu, sinto que com o tempo apaziguei a imaginação e a verdade. Encurtei a distância entre elas. O diálogo tornou-se outro. Para o melhor das minhas memórias.

Sem comentários:

Enviar um comentário