segunda-feira, fevereiro 06, 2023

GALHOFAR COM OS MORALISTAS DA APARÊNCIA

Estes artistas não são o que são e o que os envinagra é o que os lhes é exibido enquanto divergente e incomum. A moral do artificio, do descaro destes que não são o que são, como se confirma, engata ronceiros umbigos em cadeia. O compromisso e o ganho que dessa ardileza se revela animam os incautos cordeiros mais do que importunam os lobos disfarçados. A bonomia da cegueira não enxerga a patranha e, por consequência, dá voz e sentido à miopia do truculento descabido. Daí, uma arrogante e fiteira fala, que do fundo do seu armário, não só se faz ouvir como conspurca o ecossistema com a sua petulante sedução. O idiotismo assim se deixa enraizar à conveniência do útil e vagabundo pragmatismo. Onde o ser e o parecer cegamente se tornam face única da buçal e trapaceira máscara. A hipocrisia altruísta, sempre cúmplice de si, não se arreda das suas egoístas obtusidades. Os seus arbítrios e os despontantes poderes que a estas se aproximam, e deles se servem, logo as arrebatam. Os cegos são mais que muitos e a malandragem de imediato se dispõe a cooperar e a orquestrar a dramática marcha da vida. Venham as bengalas ou, na falta delas, reinvente-se o mundo com uma diferente e astuciosa cegueira. Um mundo que por estes trilhos ou restaurados atalhos se esconde entre os matagais das trapaças ou, bem mais seguros, pelos meandros tumultuosos dos seus espessos arvoredos. A singularidade no meu circunstancial retiro torna o desabafo, estou certo, não muito corajoso. Todavia, salutarmente mais livre.

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