terça-feira, dezembro 30, 2025

RESPIRAR AINDA NÃO TEM PREÇO

Chamam-lhe mercado, mas para viver vai-se exigindo cada vez mais uma taxa de utilização. O capitalismo contemporâneo não avança: ocupa. Organiza-se menos em torno da produção e mais em torno da apropriação, de rendas, de dados, de tempo, de atenção, de afetos. O comum privatiza-se com a naturalidade de quem transforma a evidência em mercadoria. O ar, o tempo, a linguagem, o cuidado: tudo entra no circuito da extração. Não se faz mundo. Administra-se o acesso. E quem controla as cercas dispensa a violência: basta-lhe gerir a dependência.

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