Regressemos às Luzes preliminares e aos seus arrimos. Ao alcance infindo da crítica à crença e ao conhecimento. Ao cumprimento de um saber compreensivo e pronto ao seu próprio aperfeiçoamento. Assim como ao seu explícito uso com o fim de aprimorar a vida, privada e social dos homens. Olhemos agora o presente onde o pensamento se estreita no vantajoso e se observa no efúgio das suas meias verdades estéreis, mas deleitosas. Entre um e o outro tempo ocorre história, e nela se inscreve a memória ignorada do sucessivo escurecer das luzes. Da ideia de que saber é poder, provinda originalmente da inquietação operária, despontou a sublevada verdade do poder sobre o saber. Um válido saber que se fez, então, hábil e astucioso, irresistível à politização do pensar. Hoje, na verdade, bem acobertado no persuasivo fermento da sua codificação democrática. A democracia, assim preceituada, parece carecer de uma renovada consciência histórica, respaldada por certo num genuíno iluminismo. Necessariamente incansável e confiante e assente num saber outro, não aritmético e frio, mas benévolo e sensível. Socialmente humano.
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