segunda-feira, junho 08, 2020

UM SINGULAR TEMPO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA


Ao desapegar-se da rotina profissional ELE acolheu o repto. Esse desafio irresistível de pintar com tempo, e serenamente. Apurando emoções, recobrando sonhos e despertando qualidades sustadas. Na escuta sédula dessa outra e crepuscular estação de vida que, na sua verdade, ilumina sitiados afastamentos, proximidades e impulsos. Uma estranha e somada liberdade que, insinuante, se anuncia envolvente. Certa de que se pode ainda ter ou ser mais, essa liberdade acrescida oferta-lhe apego à largueza para além da premência. Da insondável razão já afadigada abraça então o aconchego entusiasmante de criar. A falha e o falto fazem-se definitiva vontade arrebatada pelo enlevo da incitação. Admito, pois, que a arte, a criação artística, vale para ELE uma vida que se inteira nesse tempo de perfeito reencontro de si. Vida certamente sentida, e julgada, ainda insuficiente e imperfeita. Contudo, desviada esta pelo crivo da imaginação do si mesmo costumado, ELE apura o essencial e retoca o seu reflexo tornando-o sentido. Um sentido primacial no presente desta sua feliz teimosia de assim viver, e conviver, com o estético das formas e das cores. De viver a Vida, afinal.

Pintura, Mário Calçada

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