sexta-feira, novembro 13, 2020

UM DEVER DE SER CIDADÃO, HOJE

Julgar, formar juízos face aos populismos políticos, e áreas circunvizinhas, exige que se apresente, e se dê a conhecer, o registo da simplificação em que tomam assento as suas manhas de linguagem. Importa, do meu ponto de vista, aliás com vivaz propósito o digo, alertar para o superficial quotidiano das representações que se admitem na reflexão sobre a verdade da vida em geral, advertindo que tais simplicidades organizam e modelam discernimentos configuradores de realidades, cortejadores de preguiçosas e conformadas avaliações e/ou comportamentos. Deste modo, convicção minha, é que é neste lugar tacanho em que obviamente se entalham tais ideologias, se amanham perceções, ressecam lógicas e se emperram desenvolvimentos. A ideologia desta emergente e contemporânea direita, que à direita se apresenta como alternativa, abasta-se, pois, nesta semiótica bandeja de abusivas, apressadas e descomplicadas generalizações onde se apronta, e se serve, os seus simplificadores códigos binários, reconheça-se, de produtiva utilidade excludente. Tudo se remexe e encurta, deste modo, ao preto e branco, ao bom e mau, ao insuspeito e ao estranho, em síntese, a um falso e simplista jogo simbólico que não admite uma outra qualquer razão subordinada à reciprocidade e à compreensão dos valores da primazia democrática. O sentido e o significado de cidadania, intrinsecamente ligada - hoje - ao desenvolvimento humano e social, apela assim à consciência de cada um de nós e à nossa própria inteligência. Trata-se de um inalienável direito cuja substancialidade exige o cumprimento persistente desse dever (social e cultural, logo político) de cidadania.

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