terça-feira, março 08, 2022

DEIXADOS DE LADO

A proximidade, na sua abeirada cidadania, sempre significa. Significa sempre muito, e muito especialmente. Por certo quando semeia a intimidade da humana condição. Acertando vínculos, reconhecendo histórias e testemunhando identidades. Bem como sensibilidades e valores fruto desse cuidado reiterado e interpelante. Os tempos vão-se passando e sucedem-se no seu impreciso porvir sem momentos perdidos. As rugas, sinais desse desenrolar inexato, mais tarde se anunciam. Despontam e intumescem na contínua agitação da paulatina e pronunciável solidão. Enlaçando-se em memórias que se fazem de afastamentos e melancolias. Que remanescem na obstinada e impiedosa ausência. Memórias que se contam, ou se calam, em reditos diálogos de crença, desalento ou mesmo de cansaço. Memórias de um lugar remoto, porventura adormecido por um presente que inesperadamente se estranha, e entranha. Nesse lugar vazio sem saída onde apenas se espera por alguém. Sobretudo pelos que prometeram sempre, a cada instante, aparecer. Em todo o caso a vida continuará. Esses, os que hoje não aparecem, amanhã pacientemente saberão, sem dúvida, esperar.

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