domingo, janeiro 19, 2025

O TRAMPISMO POR LÁ SE INSPIROU

… numa "sutil" divagação pelos recantos de Martim Moniz e arredores.

Nos últimos dias, quando a gripe se instalou e a minha paciência, já por si entorpecida, decidiu tirar umas férias, resolvi enfrentar os percalços com uma calma de dar inveja. No meio desse delicioso torpor, decidi espiar, ler e tentar decifrar a comédia política que se desenrola por aí. E, claro, como sempre, não me decepcionei. É fascinante observar como, entre o vaivém das palavras, das alegorias e das representações políticas, se cultiva essa farsa imensa e, claro, lucrativa.

Logo de cara, percebe-se, sem muito esforço, as diferenças gritantes no modo como se tenta acicatar e inflamar, sem rodeios, as almas sensíveis que por aí andam. Para que, então, se faz necessário elaborar e orquestrar essas encenações tão cuidadosamente arquitetadas, que seduzem com promessas de causas justas e revolucionárias, tudo isso regado a doses cavalares de indignação e ressentimento? Um espetáculo e tanto. E, ah, que pressa! O tempo não pode ser desperdiçado com raciocínios mais demorados e que desafiem a lógica. O que se quer, na verdade, é agir rápido, sem grandes questionamentos, porque a obra em questão não tem paciência para sutilezas. O que conta é o fervor político, esse que não se arrisca a abandonar o seu jargão de pânico, que materializa, em toda a sua glória, a irracionalidade da crença que o sustenta. 

Como não sou dessas, nem me vou deixar levar por esse embalo, deixo aqui a minha crítica despretensiosa — e, quem sabe, até um pouco irónica. E, sim, assombra-me a capacidade de quem se atreve a construir uma lógica do absurdo e a seguir, com dedicação e fervor, os arrazoados ideológicos que, se não fossem tão trágicos, poderiam ser um bom tema para uma peça de teatro do grotesco.


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