domingo, novembro 09, 2025

O ESPAÇO CULTURAL ENTRE O DIZER E O SER

A solta cultura política apoia-se no reconhecimento da instabilidade que percorre toda verdade, nunca a mentira. Não há política viva onde se força a geometria imposta entre o argumento e a realidade, pois aí germina a ideologia, o dogma, a brutalidade do sentido único.

A liberdade, ao contrário, exige a aceitação da falha, ou seja, o saber de que o humano é incompleto, de que a palavra não esgota o real e de que a diferença não é perigo, mas alento. Só nessa consciência da falha se torna possível a comunicação, o pensamento crítico e a criação de novas gentes.

A oscilação entre o que pensamos e o que é, não nos desvaloriza, bem pelo contrário, humaniza-nos. E é nesse intermédio, inquieto, fecundo e inacabado, que a política reencontra a sua dignidade. Ou seja, não como perícia de domínio, mas como arte de coexistir no que em tempo algum se ajusta. 

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