Os mercados, lugar de chavascal dos grandes bordéis financeiros e empresariais, tanto chinfrinaram que catrapiscaram os artistas do centrão na artimanha de um gardanho que anuncia os calotes de outros mas calam as suas trapassas e os seus intentos. Evangelizam pregando as tretas do endividamento de todos nós e a cenaita dos nossos muitos e indecorosos gastos e exigem, a lamber os beiços e com as unhas de fora, a liquidação do graveto que não devemos.
De ora em diante, Deus é grande e aconselha-nos a pagar. Mas, como Deus nem sempre é testemunha e os ardiúmes na pachacha incomodam, vêm os ensafornados conselheiros dos homens do guito advertir para a urgência de se ser previdente e saber acautelar o futuro. A cartilha chega aos bordéis e a agitação instala-se e espalha-se. Do pé para a mão, os chungosos do circo dão conta do alvoroço e no silêncio das suas chocadeiras, ordenam aos morcões que finjam malabarismos para congraçar a encenação dos desvarios e embelecer a torpeza das intemperanças.
Com a mão na massa e a toque de caixa, aqueles artistas chungosos, mais parecidos com perfumados coninhas de sabão, decidem então atirarem-se aos dispêndios ditos inúteis que tanto fazem salivar os cagalhões engomados, chibos que não vão a votos mas que há muito aprenderam, e bem, a vender gato por lebre e a botar água no feijão para que a miséria não se note. O recato da vilanagem vira sem disfarce, na chafurdice da hospedaria, num entusiasmante espetáculo de alegres berlaitadas dos bunicos engravatados com as perspicazes alternadeiras.
O futuro ganha assim um brilho resplandecente à medida que os lazarentos, com o abate dos seus ganhos “indevidos”, sentem gelar-lhes o sangue nas veias. Na estilha, o farsola conselheiro do homem do guito, com aquele seu ar televisivo de jeco, logo assevera que é castigo merecido para manguelas que nada querem ou sabem fazer e que, a todo o momento, confundem o olho do cu com a feira de Montemor. Basta de pérolas a porcos, diz o javardo de nariz no ar e peito aberto.
As contas, isso sim, é que têm de estar em dia, insistem em uníssono os badamecos desta grotesca estória. Depois das fábulas da carochinha que somos mestres em contar, cochicham eles aos papa-açordas, a vossa felicidade em breve estará de volta e as bichas de bacocos a mendigar ocupação, que tanto vos quilharam, irão desta pra melhor. A alegria dos pequenos nadas será, finalmente, o vosso resgate e nós damos de frosques para o nosso modesto coio.
VIVA A DEMOCRACIA, gritam os gabirus dos lagaços. FONIX, respondem os atrunhados morcões desconfiados.
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