quinta-feira, abril 21, 2011

NAS CRISES, A ARROGÂNCIA TEM POR DESPREZÍVEL O SOFRIMENTO

 

O tema da dissolução da Assembleia, dos seus motivos e consequências, leva a “comunicação social sem contraditório”, nas suas relações de interesses sempre inconfessáveis, a agendar para o debate mediático o VALOR DA RESPONSABILIDADE ao associar a CRISE – eterna para uns, supostamente conjuntural para outros e inexistente para uns quantos – à atual crise política, de modo a que esta dobre a primeira, tornando aquela de segunda ordem.

 

macacos

Imagem obtida em Sara Alves – Escritos

Neste ardil ideológico e político de esperteza duvidosa, ao qual se acrescenta deliberadas e diversas fulanizações para compor as encenações de magia que interessam, pretende-se, tão-só, persuadir os incautos de quem merece ou não a confiança, no futuro próximo e urgente, de governar. E com esta prestidigitação parteja-se a noção de “arco de governação” tartucificando quem merece ou não aceder à governação, contrafazendo as exigências e as condições dessa mesma governabilidade.

 

E quais são essas contrafeitas exigências e condições de governabilidade? São todas aquelas que, sem exceção, convocam, favorecem e proporcionam as políticas de austeridade feitas de regressão social e de exploração laboral, a favor naturalmente da financeirização das economias e da fragilização e dependência políticas dos Estados, com a compreensão subserviente e bajuladora da generalidade da comunicação social no estreitamento intencional de perspectivas e renovados horizontes.

A arrogância do(s) poder(es) e dos seus serventuários, entremeada de “convincente” hipocrisia e “engenhosas” perfídias habilmente elaboradas, alimenta-se deste vampirismo inumano, toscamente disfarçado de retóricas de bem servir as pessoas e as suas comunidades. A democracia não pode, neste contexto de palco reduzido, esgotar-se nos espaços interditos à indignação pública e à sua expressão social e cívica. Daí, a relevância cada vez mais sentida da importância da ocupação viva e dinâmica desses terrenos abertos e livres, sejam eles avenidas, praças ou bairros, para o protesto necessário e urgente que o “institucionalismo” vigente e estreito procura, pateticamente, com ares respeitáveis, silenciar ou mesmo calar, desqualificando os legítimos clamores do sofrimento.

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